Mulheres traem
tanto quanto os homens, diz Contardo Caligaris, psicanalista e escritor
italiano radicado no Brasil, ao ser entrevistado pelo Canal IG quando do
lançamento do seu excelente livro de crônicas (“Todos os reis estão nus”, Ed.
Três Estrelas).
E eu acredito. Mas
lamento!
Os
relacionamentos estão agora “muito iguais” e, em algumas vezes, sendo nivelados
por baixo: muitas mulheres se “masculinizando” em terrenos onde só os homens
escorregavam.
A traição
feminina era tradicionalmente menos comum do que a masculina, explicada entre
outros motivos porque a mulher era mais verdadeira, sentimental, comprometida
com a relação e nela buscando amor ou proteção. Situação explicada também pela
submissão ou medo ao sexo dito forte.
Mas com a
mudança (necessária) no jogo social, em que as mulheres assumiram um papel
familiar, profissional e político de maior igualdade com os homens, revertendo
uma dominação injusta que durava milhares de anos (talvez até em toda a
história da civilização), as mulheres agora se sentem livres e independentes
para, em muitos casos, usar e abusar de sua sexualidade e dos seus instintos,
da mesma forma que os homens. Nivelando por baixo, como disse. Em tese, é mais
fácil deixarmos os instintos seguirem em frente e cedermos às tentações, quando se trata de traições
sexuais (é sabido que as traições sentimentais são mais profundas e causam
ainda maiores dores nos parceiros traídos).
Vingança,
talvez. Uma desrepressão do grito calado na garganta : “Agora tomem seus
cafajestes. Vocês mereceram!”. Num mundo
em crise de valores, de falta de referências e dominado pela mentira e todo
tipo de desrespeito (desde num plano macro, com a traição dos políticos ao
nosso voto, ao plano pessoal, da traição interna aos nossos ideais), as
relações passaram também a ser banalizadas e
se superficializadas, como mais um produto de consumo.
Nada de Yin e
Yang, da dualidade universal, da expressão do feminino e masculino, não! Está tudo misturado e confuso.
Em minha vida já
traí e fui traído e colhi os inevitáveis resultados. Hoje acho uma roubada. Não há quem possa dizer o
que é certo ou errado em cada situação. Penso que a avaliação moral não cabe
quando mensuramos prejuízos emocionais. Não se trata de um mero “dever-cumprir-conveniências-sociais-para-o-bem-da-civilização-e-da-paz-entre-os-homens-e-mulheres”. Vamos botar os pés no chão, as traições
acontecem pelos motivos mais variados e em algumas vezes trazem belas aprendizagens
e salvam casamentos.
Se um homem e uma
mulher quiserem seguir seus instintos sexuais (e sentimentais) de forma livre
acho que existe um caminho largo para isso, desde que naturalmente
respeitados certos limites quanto à saúde física e integridade pessoal e de
terceiros. Convenhamos, a sexualidade é
algo forte, natural e provida pela Existência. Mas à medida que amadurecemos
como seres humanos naturalmente vão ficando limitados os espaços para fingimentos,
traições, mentiras ao parceiro e a si
próprio.
A meu ver, é muito gratificante e um enorme privilégio usufruirmos de uma relação profunda, comprometida e verdadeira, sem mentiras.
A meu ver, é muito gratificante e um enorme privilégio usufruirmos de uma relação profunda, comprometida e verdadeira, sem mentiras.
Em resumo, trair
pode ser excitante e considerado moderno por alguns (especialmente para quem
defende a poligamia), mas em algum momento de nossas vidas pode trazer sérios
prejuízos emocionais (além de tantos outros de ordem prática).
Aí teremos que
encarar.
Decidir trair ou não.
Mas com responsabilidade e sabendo que tudo na vida tem consequências !
(opine, caso concorde ou não ...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário