Uma amiga me sugeriu falar sobre esse tema, que é espinhoso e sujeito a chuvas e trovoadas. Mas vamos lá, de forma bem simplificada e provocativa (já antecipo o meu pedido de desculpas se ficar um tanto caricaturado).
Será que ainda hoje as mulheres querem fazer amor e os homens apenas sexo ? Se no passado não se poderia afirmar isso com segurança, no presente muito menos.
Antigamente tal afirmação parecia fazer sentido porque as mulheres dependiam social e financeiramente dos homens, o que as fazia buscar um relacionamento estável representado por uma família tradicional, e isso era conseguido usualmente pela via do casamento. E supostamente com amor, na visão romântica predominante da sociedade ocidental burguesa de até uns 20 ou 30 anos atrás. As mulheres ansiavam por um encontro mágico com a sua cara metade, sobretudo provedora. Após o casamento, e frustradas do intento, se acomodavam e ficavam submissas, mas silenciosamente manipulavam seus maridos sempre que podiam e, algumas vezes, até os traíam.
Já os homens submetiam as suas mulheres e buscavam satisfazer o seu desejo (biológico) de reprodução e (cultural) de liderança e protagonismo, tendo grande liberdade dentro e fora do casamento. Portanto, embora fizessem também questão da manutenção da união familiar, eles queriam e faziam muito mesmo era sexo.
Para eles, existiam as mulheres pra casar (tendo amor ou não) e as mulheres pra se divertir(com sexo, sem amor).
Bem, os tempos agora são outros. Vieram a pílula anticoncepcional e a conquista da independência financeira feminina, que desaguaram numa revolução dos costumes e na flexibilização dos relacionamentos, por exemplo a aceitação de diversidades como os homoafetivos, os transgêneros, o poliamor, etc.
Claro, estamos ainda em transição para um modelo incerto que provavelmente será múltiplo e heterodoxo. Em outras palavras, com muitos formatos e sem rótulos fixos.
Uma coisa é certa: reduziu-se drasticamente o número de homens e mulheres que ainda entendem que amor e sexo são uma coisa só. Hoje não restam muitas dúvidas de que são fundamentalmente diferentes, pois, numa conceituação bem singela, o amor favorece uma gostosa sensação de segurança existencial ou, em outras palavras, de aconchego, e o sexo propicia um delicioso prazer do corpo. Pode até ser praticado solitariamente...
Mas já dá pra se saber que um número significativo de mulheres está fazendo mesmo é bastante sexo, até mais do que muitos homens. Tomam a iniciativa, alternam parceiros e usam com maestria habilidades que os homens têm mais limitadamente: a sensibilidade e a intuição. Fazem os homens parecerem crianças ingênuas.
Na outra ponta, existem mulheres que já superaram isso -- ou nunca transitaram por esse espaço de liberdade sexual -- e buscam relacionamentos sólidos e mutuamente construtivos, com base no amor.
Mas tem um aspecto interessante. No fundo, fora as exceções, o inconsciente feminino ainda busca um cara que lhes dê segurança e confiabilidade. No emocional, não no material.
Tanto estas quanto aquelas parecem mesmo querer amor e sexo. Se possível amor romântico e sexo ardente (selvagem...?).
E os homens? Parecem meio confusos, a reboque do movimento feminino (sem trocadilho), porém continuam fazendo muito sexo na medida que as mulheres os conquistam ou se deixam conquistar.
Mas está crescendo a fileira de homens que buscam relações estáveis, com amor. E amor na linha romântica, quem diria...!!!
Mas bem lá no fundo, na essência das almas masculinas e femininas, o que todos queremos mesmo é amar e sermos amados, apesar do imenso medo que isso nos provoca.
Sem abrir mão do fundamental ingrediente sexual, claro!
Mas até descobrirmos e assumirmos isso, parece que ainda vai demorar. E muito!
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Peguei carona no título do livro "Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres fazem Amor?" de Allan e Barbara Pease, que aborda com sensibilidade aspectos diversos dos tratados aqui, especialmente questões comportamentais dos dois gêneros.
Inteligentes reflexões, caro amigo.
ResponderExcluirAs mulheres descobriram que podem fazer sexo sem amor e, com isso, assumiram os direitos e os defeitos que tanto criticavam nos homens, como a promiscuidade, inconstância, egoísmo, insensibilidade. Espero que seja alcançado um equilíbrio entre os gêneros, e que ambos aprendam a fazer sexo com amor e amor com sexo.
ResponderExcluirOi amigo. Boa reflexão ;) Concordo que no fundo os dois sexos procuram algo parecido. As vezes um pouco biologicamente diferentes, mas acredito que homens e mulheres procuram igualmente amar e ser amados, vivenciando o sexo de forma profunda e livre das repressões sociais.
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