terça-feira, 28 de abril de 2015

Se eu fosse eu, o que eu faria?




Boa pergunta.


Clarice Lispector andou investigando e nos provocou a respeito:


“ ... experimente: se você fosse você, como seria e o que faria?...

Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.



Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por exemplo que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu e confiaria o futuro ao futuro.

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.

No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo.



Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir.



Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar...”



Clarice, você nos mete em cada situação!



Tentei imaginar se eu de fato fosse eu.



A primeira coisa que faria seria dizer muitos “nãos”.



Não para os sorrisos falsos (os meus também), não para o medo, não para o controle da vida, não para o motorista abusado que acuso sendo eu também mais um, não para a burocracia rígida que exige absurdos, não para as amizades que não edificam, não para os relacionamentos vazios, não para as futilidades da vida. Enfim, não para todos os sims de conveniência ou temor!



Aliás, pensando bem, diria apenas “sims”. Ação ao invés de reação. Corrente positiva com a energia da corrente negativa, potencializada. Entrega, autencidade, verdade, amor, deus. Com letra minúscula que se espalha e se confunde com o todo.



O sim já engole e traz embutido os nãos rejeitados, as palavras não ditas, o movimento em retração, o sentimento amortecido.



Pronto! Estará feita a confusão. Transgressão. Afronta. Atrevimento.


Mas também uma porta para a realização. Pulando nos abismos com os olhos abertos e a mente consciente. O coração aos solavancos, sentindo todas as emoções. E seriam muitas.


Como disse a Clarice, todas as dores do mundo mas também o êxtase da alegria. A maior integração dos opostos. Sombra e luz.


Clarice não disse, mas poderia ter insinuado: nós não conseguiremos nos passar por outra pessoa e enganar permanentemente o mundo todo (nem a nós mesmos). E, claro, só conseguiremos ser verdadeiramente felizes sendo nós mesmos.


Como é difícil sair do teatro que nós mesmos nos metemos e redigimos o enredo!


Utopia? Mas o que seria do mundo sem as utopias e as Clarices que nos instigam?

5 comentários:

  1. Parabéns, Consogro!
    está aí uma belissima tradução das batalhas de nossas utopias.
    Te convido a dar uma voltinha no meu "dona-ceci.blogspot.com". De vez em quando tenho postado alguma coisinha.
    Um grande abraço,
    Cecília

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  2. Querido amigo Arnaldo! Se eu fosse eu mesma acredito q tbm correria o risco de ser presa kkkkkk ...mas não estou falando propriamente do conceito mais comum de prisão q conhecemos , do cárcere, da cela, d presídio. Mas quero dizer a prisão da sociedade e muitas vezes da própria família, q nos tolhe e tira a liberdade e espontaneidade daquela criança q há em nós. E essa criança pede, fala, pulsa , grita tds os dias por LIBERDADE.... Nós queremos, na verdade, ser livres, mas não se pode ser uma coisa q já é, a não ser ser mais do q já é rsrs...o ser humano na sua essência é liberdade. Basta encontra-la dentro de si. o q eu quero eu já sou... LIVREEEEEE KKKK... E posso ser eu mesma. Só preciso me dar permissão p isso. Obrigada, querido amigo, pelas belas reflexões a q pude chegar através do seu texto. E,mais uma vez, gratidão por estar comigo nessa minha caminhada do autoconhecimento. Fica c Deus, Ser de Luz.Um forte abraço. KELLEN .

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  3. Querido amigo Arnaldo! Se eu fosse eu mesma acredito q tbm correria o risco de ser presa kkkkkk ...mas não estou falando propriamente do conceito mais comum de prisão q conhecemos , do cárcere, da cela, d presídio. Mas quero dizer a prisão da sociedade e muitas vezes da própria família, q nos tolhe e tira a liberdade e espontaneidade daquela criança q há em nós. E essa criança pede, fala, pulsa , grita tds os dias por LIBERDADE.... Nós queremos, na verdade, ser livres, mas não se pode ser uma coisa q já é, a não ser ser mais do q já é rsrs...o ser humano na sua essência é liberdade. Basta encontra-la dentro de si. o q eu quero eu já sou... LIVREEEEEE KKKK... E posso ser eu mesma. Só preciso me dar permissão p isso. Obrigada, querido amigo, pelas belas reflexões a q pude chegar através do seu texto. E,mais uma vez, gratidão por estar comigo nessa minha caminhada do autoconhecimento. Fica c Deus, Ser de Luz.Um forte abraço. KELLEN .

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