quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sexo: prazer ou performance?



Não precisamos ser experts em sexualidade para saber que as duas coisas muitas vezes coexistem.

Sexo é prazer, é sensação, é emoção, é vibração e nos leva a uma satisfação erógena essencialmente pessoal (tanto é que pode ser feito solitariamente). E, claro, quando de qualidade e conectado com amor, tende a ser sublime!

Já performance sexual, quando forçada, é critério de desempenho, linha de chegada, exibição. E isso ocorre por vários motivos, como impressionar, atender expectativas, manipular, fazer jogo de cena, etc.

A meu ver, tanto homens quanto mulheres caem uma vez ou outra nesse padrão de exibição.

Aparentemente, depois da desejada liberação sexual a partir dos anos 60 do século passado, com a disseminação da pílula anticoncepcional e a redução dos tabus, o que poderia ser aproveitado com mais prazer e liberação passou a exigir esforço e cumprimento de requisitos como mais um item de consumo, que precisa de novidades constantes e múltiplas variações, desde os aparelhinhos vibratórios, as pílulas azuis turbináveis, os vídeos eróticos, o sexo tântrico, os fetiches, o sexo selvagem, etc.

Penso que tudo isso pode valer muito a pena desde que a intenção seja o prazer recíproco e não apenas exibir uma performance não genuína.

 Afinal,  a vida nos presenteou com essa delícia de prazer do corpo, não precisaríamos trapacear.

Do ponto de vista masculino, tradicionalmente o sexo é uma manifestação cultural de virilidade e afirmação do macho, com o que supostamente o problema da performance artificial tende a ser mais comum do que do lado feminino.

Ser uma máquina de sexo é admirável e infla o ego mas... brochar é um enorme atestado de fracasso!  É muito mais fácil para nós homens aceitarmos as limitações e "dores de cabeça" femininas do que “negarmos fogo”. O risco de sermos rejeitados ou, pior, ridicularizados à “boca pequena”,  é  terrível.

Como não se consegue enganar as pessoas nem nós mesmos por muito tempo, em algum momento o  "teatro" acaba e a realidade se impõe.

A vaidade se frustra e aparece um velho conhecido – e poucas vezes assumido – o medo. Medo de não ser admirado, de não ser aceito, de não ser especial, de não ser amado.

Temos que ter muito cuidado. Não dá pra ficar dependendo da força de um desempenho sexual simulado.

A felicidade, como sabemos,  depende mais de como nos sentimos internamente do que daquilo que vem de fora.

É mais saudável tirarmos as máscaras e gozarmos muitas vezes de forma natural e espontânea, explorando as infinitas possibilidades.

Basta o  teatro que fazemos em tantos papéis sociais...

A vida agradece!

4 comentários:

  1. Muito bom mais esse comentário, caro Arnaldo. Bem escrito, sobre tema importante e atual envolvendo a sexualidade. É papo cabeça!
    Parabéns!

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  2. Uau....
    Que texto verdadeiro...profundo, adequado, com proposta de uma reflexão bastante profunda nos tempos atuais...principalmente para a galera tribalista.
    Parabéns!

    Teresa Botarro

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  3. A abordagem é realista e corajosa, na medida em que traz à tona a verdadeira intimidade dos pares.

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