. Falta sexo? Então o corpo e a emoção estão reclamando com razão.
. Falta eros? A vida vem gritando e pedindo mais paixão.
. E o Amor? Bem, essa carência está trazendo uma dor ainda mais profunda. Cuidado!
Ou falta tudo? Aí você está praticamente morto, reconheça!
A não ser que você se ame verdadeiramente. Ufa, tem solução!
Aliás, esse é exatamente o caminho. Se amar, se aceitar e se transformar. De dentro pra fora.
Que tal uma pausa para refletir sobre algumas considerações inconclusivas?
Antes porém vamos convencionar alguns conceitos (*) para facilitar o entendimento.
Sexo é a força criadora por excelência, o prazer que reproduz a vida.
Eros é energia, é paixão e uma mostra do que pode ser o amor. Funciona como uma "ponte" para o amor, quando este vem a acontecer (diz-se até que a paixão dura cerca de dois anos e pode -- ou não -- evoluir para o amor). O eros, vale lembrar, se expressa também no tesão por qualquer área da vida.
Já o amor nos permite conectar com o permanente, com o espiritual. E aí poderemos encontrar o todo, a Unidade, numa dimensão holística que poucos atingem.
Importante lembrar que não tem nada de certo ou errado do ponto de vista moral. Apenas uma certa incompletude para uma vida plena, que um dia poderá vir.
Bem, vamos lá!
Você tem sexo sem paixão e sem amor ? Então está suprindo o seu lado animal, que agradece, mas saiba que você em algum momento terá um grande vazio após os orgasmos. O relacionamento está muito pobre. Se for essa proposta, porém, tudo bem!
Ou talvez está tendo sexo com uma pitada de amor? Isso é vida com sensualidade porém sem aquele brilho nos olhos que enfeitiça. Muitos casamentos estão assim, e com o tempo o sexo acaba enfraquecendo e, em muitos casos, motivando a separação. Passando antes pelas traições e indiferenças.
Ou será que você tem muito eros e amor, sem sexo? Isso combina mais com amizade. Ou mesmo com uma causa nobre sem prazer humano. A união tende a se esfacelar também ou envolver um triângulo amoroso (sexual).
Ou ainda, tem amor sem sexo nem eros? Sinal de muita generosidade e compaixão, que sublimam o seu lado carnal e de aventura. É o caminho para abraçar a Madre Tereza de Calcutá.
É forçoso reconhecer que no mais das vezes os relacionamentos são preenchidos em porções apenas relativas de sexo, eros e amor. É a realidade. Vamos nos acomodando por aí, sobrevivendo com a relação.
A coexistência harmoniosa de sexo, eros e amor em doses equilibradas nos completaria como seres humanos e espirituais. Essa seria a meta.
E teria diferença entre homens e mulheres nessa questão? Parece que na superfície sim, mas na essência não.
Já ouvi muito dizer em conversa de boteco que o homem "oferece" amor em busca de sexo, e a mulher oferta sexo para obter amor. Seriam estratégias. Porém, tanto para o homem quanto para a mulher têm que existir o componente eros, onde o descobrir o outro, a aventura do conhecer e do compartilhar estejam presentes.
Se não, o caminho da separação está com a porta semi aberta ou mesmo escancarada.
Como raramente conseguimos equilíbrio entre sexo, eros e amor o tema relacionamento é o mais visitado nas sessões de psicoterapia.
Existe uma penca de casamentos onde o sexo é quase inexistente, o eros já se foi há muito tempo e do amor só restam paciência, cuidado e, eventualmente, respeito.
Por tudo isso, acredito que o caminho de evolução passa por olhar pra nós mesmos (aliás o relacionamento primeiro que temos), buscar a transformação interna das nossas dores emocionais e nos arriscar a abrir o coração. Ou seja, perder o medo de amar!
Para isso, será indispensável baixar as nossas defesas engenhosamente construídas ao longo da vida, especialmente o orgulho e a necessidade de segurança. Elas na verdade não nos protegem e só nos distanciam de nossa essência.
Assim, poderemos estar abertos para encarar os desafios de nossas relações, que trarão inevitáveis dores mas também belas aprendizagens ("sentir o suave perfume das rosas também nos aproxima dos espinhos").
Cada relacionamento traz uma mensagem para o nosso crescimento. Nos resta descobrir qual. E ir até aonde for preciso.
Afinal, os relacionamentos são o microcosmo de nossa interação com a vida. O nosso curso de pós graduação!
E para quem não estiver se relacionando amorosamente, a saída parece ser mesmo a de aumentar a autoestima e a maturidade emocional até o ponto de dizer: desejo uma boa relação mas NÃO PRECISO dela.
Esse seria o melhor dos mundos!
Será que estamos rumando pra lá?
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(*) os conceitos de sexo, eros e amor aqui expressos são do Pathwork, um caminho de autoconhecimento e conexão espiritual.
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