segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Eu, morrer? Sou contra, mas...


Bem, já que é inevitável, estou tentando passar do terreno cognitivo da mente para a área  amorosa do coração.

Primeiro de tudo, aceitando que a vida tem um nascer-viver-morrer constante.

Não só pelo transcurso das fases temporais da infância, adolescência, juventude até atingir a vida adulta e a velhice, cada uma delas com sinais claros de nascimento, vida e morte, mas também pelas separações, mortes de pessoas queridas, mudanças de endereço, de cidades, de empregos, etc.

Tudo isso coroado de apegos, dores, alegrias, desafios e oportunidades. Começo, Meio e Fim!

Até aqui, nenhuma novidade, todos sabemos disso. Mas a pergunta que não quer calar é "como seria na prática aceitar a morte?".

Não vou arriscar expressar nenhuma fórmula piegas nem obviedades.

Vou apenas manifestar que no meu caso uma palavrinha mágica sentida e reverberada em todo o meu ser  fez e faz a diferença: gratidão!

Gratidão ao Big Bang, ao pequeno mamífero que evoluiu até  chegar ao "homo sapiens", à mensagem de amor deixada por Jesus Cristo, ao encontro do espermatozóide e do óvulo dos meus pais, pela vacina antipólio Sabin, pelos meus filhos maravilhosos, etc. etc.

Como um flash de luz, para mim incognoscível, caiu a ficha espiritual: vou morrer!

Não estou com a mínima pressa, mas já não mais entoo aquele conhecido mantra: "viver como se não fosse morrer nunca e morrer como se não tivesse vivido".

Vou morrer. E vivi!

Por isso, e para os efeitos práticos, registrei no cartório e entreguei para os meus entes queridos algumas declarações de vontade:

- não permitam prolongar desnecessariamente a minha vida caso esteja sofrendo debilitado de saúde e desenganado pelos médicos;

- após a minha passagem, doem os meus órgãos que porventura sejam úteis para transplante ou estudo acadêmico;

- que o meu corpo seja cremado e as minhas cinzas jogadas num lago;

- que ninguém sofra com o meu desaparecimento e todos saibam que vivi as dores e as delícias de uma vida plena.

Vou renascer, quem sabe?

Um comentário:

  1. Esse texto merece meus aplausos, caro Arnaldo. Parabéns por nos trazer uma reflexão necessária e o seu posicionamento sobre tema sutil mas que, para mim, é sempre oportuno!!!
    Irei reproduzir no meu O Bem Viver!

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