O mundo anda tão carente de conexão e afetos que qualquer iniciativa que rompa esse padrão torna-se surpreendente.
Estava eu dentro do meu carro numa fila esperando abrir o semáforo à frente, na primeira hora desta manhã.
Vislumbrei à distância um sujeito maltrapilho abordando um a um os motoristas dos carros oferecendo, numa cesta improvisada, pacotinhos de paçoca.
A cada abordagem sinais de indiferença ou de recusa indelicada. Chamou-me a atenção tal fato.
Embora não seja meu costume, eu estava com o vidro do motorista aberto e, ao se aproximar de mim, o vendedor muito desalentado apenas levantou a cestinha de paçocas em minha direção, esperando certamente mais uma negativa.
Eu, espontaneamente disse-lhe com um sorriso nos lábios "obrigado, amigo".
A face dele se iluminou, deu uma volta no meu carro e, ao retornar, disse-me sem cerimônia : "um presente pra você, me chamou de amigo". Tentei recusar dizendo que não tinha nenhum trocado, mas ele insistiu.
Recebi a oferta, agradeci muito, o semáforo abriu.
Ganhei o dia !
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