Uma visita às academias sempre traz alguma
reflexão útil sobre o que estamos fazendo com os nossos corpinhos.
As últimas décadas trouxeram um ganho
enorme em consciência coletiva sobre a importância da saúde e a manutenção de
um corpo saudável e elegante. Honras a essas conquistas. Aplaudo quem dá
importância a tudo isso e mantém a sua vitalidade e beleza mesmo com os anos
avançando. Mas, convenhamos, tudo tem que ter equilíbrio.
Não vou falar das mulheres, um capítulo à parte até porque o culto à beleza do corpo está tão entranhado na cultura ocidental que provavelmente já está nos próprios DNAs femininos. Não entrarei nessa seara.
Falo de muitos homens que tenho visto desfilando nas academias de ginástica como num palco de teatro. Podem ser comparados a “deuses gregos”, sarados, malhadíssimos e impecavelmente na última moda esportiva.
Vale a pena observá-los. Eles têm uma “performance” de grande impacto
visual, em sua postura, no seu caminhar confiante, nas suas caras e bocas
artificiais, nos sorrisos plastificados. E os corpos, super-ultra-mega sarados,
destacados por tatuagens e camisetas colantes evidenciando a musculatura
peitoral. Cruzes!
E o pior, se comportando como adolescentes
mesmo tendo 30, 40 ou mais anos. Compensam por fora a falta de maturidade
emocional que deveriam ter por dentro. A conversa deles, como
adolescentes, gira sobretudo em torno de
produtos para aumentar a força muscular, a gatinha que “papou” na noite
passada, o carro importado que acabou de
comprar e só tem mais dois exemplares em todo o Brasil, o último lançamento de
tênis para a prática de spinning, a viagem para Miami ou Dubai, e por aí vai...
Será que se esses homens tão bonitos por
fora (há quem ache !!!) teriam esse comportamento frívolo se não precisassem
mostrar sua superioridade?
Se se sentissem desobrigados de provar para os outros quão
especiais eles são?
Se não dependessem tanto da aprovação e
admiração externas para se sentirem com valor?
Temo que não!
Aliás, esse tipo de comportamento, da forma
em detrimento do conteúdo, tem sido a tônica do avanço da tal “modernidade”, dos valores distorcidos, do individualismo
exacerbado, da insensibilidade com esse quadro caótico da realidade.
Exagerando, como se essas pessoas estivessem
se comportando fantasiosamente num baile da Ilha Fiscal, às vésperas do
colapso da monarquia. Olhando para o
próprio umbigo. Ou será que esse anestesiamento é mais geral e estamos todos
assim, malhados ou não, com esse mesmo comportamento de canguru enfiando a
cabeça dentro do buraco para não vermos a realidade que nos cerca?
Meninos de todas as idades, vamos
despertar! E amadurecer corpos e mentes !
É isso, caro Arnaldo. Também frequento academia e observo essas e outras. Há um grande desfile de bestialidades. Avalio que a nossa sociedade contemporânea tem muito para evoluir (no sentido pleno). Infelizmente, nessa quadra do consumismo e da inversão de valores mais nobres, importa para a maioria TER, APARENTAR muito mais do que SER!
ResponderExcluirJC Dattoli