quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sagrados e Profanos, somos todos!


 
"Existe em nós uma tendência de querer agradar a nós, aos outros e à moral de nossa cultura. Com isso vamos gradativamente nos perdendo de nós mesmos." . Nilton Bonder, "A alma imoral"

De forma realista, em alguma medida somos todos sagrados e profanos, santos e pecadores. Pudicos mas também devassos!

Raramente  revelamos o nosso lado oculto, comumente condenável.  Isso vale para toda a nossa “sombra”, aí incluídas a raiva, o medo, a luxúria, o egoísmo, o orgulho, a intolerância.  Dependendo da personalidade de cada um, tais facetas ou  “defeitos” se mostram  aqui e acolá apenas quando as circunstâncias nos favorecem ou estão fugindo ao nosso controle, quando a dissimulação, a mentira e a manipulação parecem não mais funcionar. A "sombra" também abriga atributos positivos, que até nós desconhecemos.

           No mundo das dualidades, todas essas particularidades humanas existem e coexistem. O nosso caminho preferido, porém, é o de agirmos como atores no teatro da vida e usarmos uma “fantasia”  que supostamente nos protege e permite conviver socialmente.

Essa fantasia é construída por nós de forma consciente e inconsciente na primeira infância.  Funciona muitas vezes, por isso nos apegamos a ela . Mas essa ferramenta não é sempre “operacional” pois provavelmente  em algum momento vai gerar conflitos internos e externos que mostram a nossa falsidade. Com o passar do tempo, essa farsa vai ficando insustentável e nos distanciando de nossa essência.
O efeito perverso acontece quando reprimimos nossos desejos e necessidades para mantermos situações supostamente convenientes. Como consequência, traímos a nós mesmos e aos outros. 

Desarmar as armadilhas autoimpostas faz bem para a teia vital. Despoluir a nossa vida dos receituários socialmente desejáveis ou das cartilhas de autoajuda nos tornará mais leves, lépidos e com mais foco na auto responsabilidade durante a jornada existencial. Com menos expectativas. 

Aceitar que todos somos falíveis e contraditórios talvez seja um primeiro passo para vivermos com mais realismo e maturidade emocional.  
Em resumo, parece bem útil estancarmos nossa ingenuidade e pararmos de olhar o mundo sob a perspectiva dos bons ou maus, certos ou errados, morais ou imorais, sagrados ou profanos. Nesta dimensão terrena --  e ainda longe de uma iluminação que não virá tão cedo -- somos tudo isso.
Uma coisa e outra. Juntas e misturadas !

Um comentário:

  1. Excelente, amigo Arnaldo. Muito pertinente a reflexão sobre as dualidades que estão em cada um de nós. Parabéns!
    Dattoli

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