quarta-feira, 29 de março de 2017

O circo desabou sobre mim. Deu no jornal (*)



Até agora não estou entendendo muito bem. A chuva estava forte mas embaixo da lona parecia bem seguro. Tenho só 17 anos.

O golpe em minha nuca veio por trás, confesso que nem deu tempo de sentir dor. Os bombeiros ficaram  muito tempo tentando me reanimar.

Trabalhar no mundo mágico do picadeiro sempre foi um sonho. Diferente da dura realidade da cidade-quadrado onde nasci.

Queria sair de lá. A chance veio com o convite para trabalhar no circo. Convite não é bem verdade, foi meu oferecimento mesmo. Topei qualquer coisa. Auxiliar de serviços? Ótimo, tô dentro. Precário 3 meses? Sem problemas!

Uma nova vida. Claro, sem mordomias. Mas um mundo pela frente. Aventuras mil. Cidades para conhecer nos intervalos do trabalho. Rio, São Paulo, Curitiba. Buenos Aires? Não sei, dizem que é muito bonita.

Ainda ontem ouvi uma música que dizia "não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu; é sim sobre cada momento, sorriso a compartilhar".

Não quero o topo do mundo, mas muitos sorrisos!

Agora há pouco me misturei com as crianças pra curtir o espetáculo de pré-estréia. E me vi compartilhando, sorrindo!

Depois veio um temporal. Me abriguei como pude.

Agora estou ouvindo de novo aquela música. "A vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro prestes a partir".

(*) Ficção inspirada em caso verídico ocorrido em março em Brasília

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