domingo, 25 de junho de 2017

Somos separados e dependentes. Dá pra conciliar?



Escravos de nossos egos, nos vemos separados dos demais. Essa tem sido a regra universal.
Jung disse que esse é o principal arquétipo (*) dos seres humanos: a separatividade. Não nos vemos integrados com os demais nem com a natureza e o universo.
A parte competindo com o todo. O Eu querendo suplantar o Nosso e destacando o Eles.
Crescemos ouvindo e tentando performar : “tire o primeiro lugar, vença na vida, não confie em ninguém, fique esperto...”.
Com isso, a competição vence a cooperação, o dinheiro vira religião e o poder seduz mais que o amor.
Na outra ponta, um arquétipo mais sutil mas nem por isso menos impactante: a dependência da aceitação social, da aprovação externa e a busca incessante da admiração. O medo da desvalorização, da rejeição e do abandono.
Céus, se nos vemos separados dos demais porque dependemos tanto dos outros?
Penso que é porque acreditamos que a aprovação do resto do mundo substituirá de alguma forma a nossa carência infantil e o amor dos nossos pais. E mais, nos afastará de possíveis dores de rejeição, abandono e humilhação.
E existiria alguma fórmula para ao menos amenizar essa dualidade dos arquétipos, um que luta pela nossa individualidade e outro que nos pendura no outro?
Imagino que um bom início, do lado saudável da individualidade, seria fortalecer a autoestima e aumentar o nosso grau de consciência emocional e espiritual. Entender que somos ao mesmo tempo a parte e o todo, interligados.  
E na dimensão da dependência, uma boa trilha seria passarmos a perceber que no fundo não existe o outro. Por incrível que pareça, apenas nós mesmos projetados do lado de fora, tanto os aspectos ditos positivos quanto os considerados negativos. Ou em outras palavras, a nossa interpretação interna de como vemos a realidade externa, com os nossos próprios referenciais.
Assim, se o outro somos nós projetados externamente então a aprovação e o amor que buscamos fora vêm de nós mesmos. A mudança começa em casa!
E nas duas situações o vetor seria o mesmo: a expansão da consciência a partir de um processo de autoconhecimento.
Difícil? Seguramente que sim!
Já ouvi e concordo: não é fácil nem rápido, mas é o caminho mais seguro e confiável!

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(*) arquétipos são imagens ancestrais do inconsciente coletivo, uma espécie de marca cultural dos seres humanos.

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