terça-feira, 8 de maio de 2018

Depressão é foda!

Quem nunca sentiu que atire a primeira pedra!

Nem por um tempinho razoável? Quando nos sentimos pior que o "cocô do cavalo do bandido" e sem vontade nenhuma de sair da cama para enfrentar a realidade nua e crua?

Energia zero!

Não estou falando do genuíno sentimento de tristeza, quando perdemos algo importante como uma promoção ou uma rara oportunidade de viagem, o fim de um relacionamento ou mesmo a morte de alguém querido, que após o luto vem a aceitação.

Não, depressão mesmo!

Nada nem ninguém nos animando por um largo tempo. Uma dor na alma sufocando nossos sentimentos. Um certo vazio existencial. Uma visão da antessala da morte: negra, sem esperança e nenhuma conexão com a vida que já não parece fazer sentido!

Eu já andei e sofri nesse pedaço! Quem não passou por isso, maravilha! Agradeça muito!

Quando "retornei" à vida porém, depois de um tempo maior que gostaria, senti uma mistura de alívio e renascimento, saindo do inferno psicológico e emocional.

A lição é a seguinte: se não ficarmos presos ao sentimento de autopiedade e assumirmos a autorresponsabilidade  surgirá uma oportunidade de ressignificar o que passou.

Mas atenção, cuidado que pode voltar tudo!

O pressuposto é que ficamos mais fortes, pois "o que não nos mata nos fortalece" (Nietzsche).

É muito duro, mas pode ser transformador!

Claro que não estou falando de quadros mais graves de transtornos mentais, com oscilações de humor patológicas e causas orgânicas. Refiro-me a mim e às demais pessoas normais e... neuróticas (rs).

Mas olhando em perspectiva, parece que a depressão é mesmo o mal do século.

Ganha do stress. E o pior de tudo é quando a depressão se se faz acompanhar de alguma doença degenerativa, comum nos idosos. Muito triste e devastador!

Não desejo nem ao pior inimigo.

Agora, surfando na internet uma notícia chamou-me a atenção:
a solidão -- que muitas vezes antecede e potencializa a depressão --  atinge níveis de epidemia entre a Geração Z.

Como assim?

Um estudo  encomendado por uma empresa de seguros de saúde norte-americana, a Cigna, mostrou que a solidão atingiu níveis "epidêmicos" nos Estados Unidos.

Não creio que seja muito diferente no Brasil e no resto do mundo ocidental.

E mais: entre os adultos da Geração Z (as pessoas que nasceram entre 1990 e 2010) o alarme é ainda maior. Essa população atingiu os níveis máximos de uma "escala de solidão" definida pelo estudo, que teria entrevistado 20 mil norte-americanos com mais de 18 anos, usando como base um questionário elaborado pela Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Foram mencionadas questões como “Seus interesses e ideias não são compartilhados por pessoas próximas”, “Há pessoas ao seu redor, mas não com você”, “As relações com os outros não são significativas” e “Não há ninguém em quem você pode se apoiar”.

Os pesquisadores dividiram os participantes de acordo com suas idades, e perceberam que os mais jovens parecem ser os mais solitários. Entre a chamada Geração Z (18 a 22 anos), o Índice de Solidão foi de 48,3.

Entre os nascidos entre 1980 e 1996, o índice foi de 45,3. Já entre os "baby boomers" (a geração dos nascidos no pós-guerra), o índice foi de 42,4.

Ou seja, a solidão parece diminuir entre os mais velhos, nos EUA pelo menos. Bem diferente do que se acredita no senso comum.

O tema é bem complexo e cabe muita investigação.

Talvez os mais jovens estejam encontrando um mundo tecnológico, cheio de comodidades e abundância.

E sejam mais afetados pela crise de valores e a falta de perspectiva. Deve se considerar também que o trabalho se torna cada vez mais escasso, o que agrava as frustrações.

As relações humanas estariam perdendo espaço para uma vida sem maiores intimidades, embora com mais conforto e entretenimento.

Isso é péssimo!

Independentemente das diferenças de idade, a falta de "conexão humana" parece ser a principal culpa da epidemia de solidão hoje vivida.

E a primeira desconexão, forçoso reconhecer, é aquela que se dá conosco mesmo! Vale para a solidão, deve valer também para a depressão!

Então, se isso for verdade, o que temos feito em nosso micromundo para evitar essa calamidade?

Para não deixar para depois, vou rapidinho repetir o mantra "eu te amo" para os meus filhos e  ligar para um amigo que não vejo há muito tempo só pra dizer "alô, como vai?".

E você, o que poderia fazer?

Aqui e agora!

Um comentário:

  1. Depressão, a dor da alma. Grata por colocar em palavras essa profunda e dolorosa sensação. Ausência da energia vital, a falta de sentido no existir.

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