RELACIONAMENTOS AMOROSOS -
Reflexões sobre as dores e as delícias em 50 gotas
1. Não tem receita de bolo para bons relacionamentos. A experiência pessoal vale mais do que qualquer teoria
2. Mas uma regra que parece funcionar: precisamos estar dispostos a aprender com cada relação. E a nos transformar com as experiências, boas ou ruins
3. O básico: dificilmente conseguiremos nos relacionar bem com os outros sem primeiramente aprendermos a nos relacionar bem conosco mesmo
4. Devemos parar de querer receber dos outros o que não damos a nós mesmos: aceitação, compreensão, respeito, atenção e, especialmente, amor.
5. Ninguém vai nos respeitar se não nos respeitarmos, ninguém vai nos valorizar se nós próprios não nos valorizarmos, ninguém vai nos amar se não nos amarmos.
6. Reflita! Você gostaria de ficar na companhia de uma pessoa que traz dentro de si sentimentos de autopiedade, de falta de respeito e de amor por si mesmo? E que fique mendigando atenção, carinho e amparo frequentemente? Provavelmente não, a não ser que também tenha alguma dose de carência ou masoquismo.
7. Isso não quer dizer porém que devemos fazer um longo aprendizado pessoal para só depois ficarmos “prontos” para relacionamentos. Se assim fosse, quase a totalidade das pessoas estaria ainda sozinha. Os relacionamentos, como a nossa própria vida, são parte de um processo de evolução, e acontecem no fluxo contínuo da existência. São construídos
8. Deepak Chopra diz : “todo relacionamento tem um significado oculto, e este está a serviço de nossa evolução”. E esse significado é, no fundo, espiritual
9. Os relacionamentos são como espelhos: nossa luz e nossa sombra projetada no outro.
10. Aparece sempre uma encruzilhada quando surgem os conflitos: a DEFESA ou a APRENDIZAGEM. Às vezes, os dois caminhos precisam ser trilhados até surgir a consciência
11. Os conflitos são pedagógicos e nós os atraímos até inconscientemente
12.A “DEFESA” é o caminho do medo, do orgulho, da vaidade. Em resumo, da proteção. A “APRENDIZAGEM” é mais difícil mas é o caminho da evolução
13.Existem três formas principais de defesa: a da tentativa de poder sobre o outro; a do consentimento ou submissão; e a da retirada. a) na forma do poder, busca-se o controle “tem que ser do meu jeito”; b) na forma da submissão, há desistência de si mesmo em função do medo do conflito e da desaprovação; c) na terceira defesa, existe um certo orgulho que se traduz em fechamento ou retirada gradual da relação
14. Todos nós temos a tendência automática de adotar uma ou mais dessas posturas de defesa, embora uma delas seja a predominante.
15. No fundo, se formos bem honestos, teremos que reconhecer que atrás dessas estratégias existe um “quê” de manipulação para nos sentirmos fortes, admirados, amados
16. A alternativa mais sábia à atitude de defesa é a postura de aprendizagem, que pode nos trazer consciência e evolução pessoal.
17. Quando o relacionamento justifique, o requisito essencial é tornar-se vulnerável e se abrir para o outro, o que infelizmente raramente estamos dispostos. A impressão que dá é que estaríamos perdendo as nossas referências. O ego reclama!
18. Aprendemos durante a vida que temos que nos defender para não sofrer, que devemos esconder as nossas fraquezas, etc. É a regra do mundo competitivo, mesmo nas relações afetivas, infelizmente.
19. Os conflitos e mesmo as crises de relacionamento não sugerem necessariamente uma situação de afastamento ou rompimento, mas um desequilíbrio que demanda tratamento.
20. Um sinal de que algo precisa ser cuidado, sobretudo quando aparecem as nossas ditas “sombras” após a fase de encantamento natural dos primeiros tempos da relação.
21.Porém, não quer dizer que essa postura de abertura deva se eternizar caso o relacionamento não mostre evolução ou a outra pessoa não venha em algum momento a se sintonizar com essa mesma dinâmica, comprometendo a continuidade da relação.
22. A partir de determinado ponto temos que fazer escolhas, às vezes difíceis, mas independentemente do resultado teremos a certeza de que fizemos o nosso melhor em busca da verdade.
23. No mínimo, sairemos da relação sem culpas ou arrependimentos e com maior experiência de vida.
24. Mas existem também questões sutis e até mesmo inconscientes. Por exemplo, nossa idealização do parceiro ou os nossos padrões e referências familiares que repercutem em nossos relacionamentos
25. Ao percebermos essas questões que podem até ter influência espiritual é importante termos abertura e flexibilidade para aprofundarmos as eventuais dores, deixando fluir as emoções. Uma boa terapia pode ajudar
26. Depois de focarmos em nós, é a hora de colocar um olhar realista sobre o nosso parceiro ou parceira.
27. Sozinhos não vamos muito longe. Ou vamos aos trancos e barrancos. Uma boa relação depende do outro também!
28. Não dá para aceitar qualquer forma de relacionamento nem qualquer pessoa que se apresente!
Devemos buscar relações que tenham um mínimo de sintonia conosco, com as nossas expectativas, com a nossa energia e com o nosso grau de evolução.
29. Existem muitos fatores que determinam a constituição de um relacionamento e que funcionam como pilares de uma construção. Alguns são básicos, outros apenas auxiliares.
30. Os pilares podem ser o VÍNCULO AMOROSO, dirigido para a figura do parceiro (admiração, afinidades, atração sexual, valores), ou relacionados com algum tipo de DEPENDÊNCIA emocional (a necessidade meio neurótica de se ter um parceiro forte e até agressivo, por exemplo) ou os pilares relacionados a certas CONVENIÊNCIAS (necessidade financeira, status, etc.).
31. Os três tipos de vínculos podem coexistir numa mesma relação, mas é o vínculo amoroso que expressa a dimensão mais saudável, por assim dizer, embora todos possam ter a sua legitimidade e perenidade
32. Devemos estar atentos a essas circunstâncias para não entrarmos sem consciência em relacionamentos que não tenham sustentação mais profunda na realidade que queremos construir. Ou se o fizermos, assumirmos os riscos
33. Um preceito básico deveria ser entoado como um mantra : “mereço ser feliz no amor (e na vida), não me resignarei à dor de uma relação ruim, não me acostumarei a tolerar o que não deve ser tolerado”. Isso vale para muitas coisas na vida, não só relacionamentos
34. Existem aspectos que são inegociáveis, que não devemos transigir sob pena de trairmos a nossa essência, demonstrando falta de amor próprio.
35. Claro, não devemos dizer os "nãos" de maneira açodada e imatura sem antes explorarmos -- o mais amplamente que pudermos -- as possibilidades de entendimento e conciliação
36. E quando somos rejeitados ou abandonados? Quando recebemos um NÃO. Ninguém está livre disso. É doloroso, mas não mata.
37. Receber um não tem até um efeito pedagógico para nos lembrar que todos estamos sujeitos a frustrações e contrariedades na vida. Viver também é correr riscos.
38. As pessoas tendem a atrair o parceiro adequado ou “certo” para o seu estágio de evolução, alguém que tem na essência bagagem emocional e espiritual semelhantes para embarcar na mesma jornada.
39. Essa pessoa ou nós mesmos devemos ter algo especial que precisamos aprender numa fase da existência, mesmo que esse algo seja indigesto e tenha sabor amargo
40. Sempre existe a hipótese de a outra pessoa "escolhida" estar ou não aberta a relacionamentos profundos como desejamos ou mesmo decidir não se relacionar conosco além de um determinado momento. Pode ser que ela tenha carências fortes que a impedem de aprofundar o relacionamento, ou tenha sonhos ocultos que pedem para serem satisfeitos
41. Uma liberdade que devemos sempre respeitar e estarmos prontos para não exigir reciprocidade. E admitir a separação, se for o caso.
42. A “chave” para trazer mais consciência é não tomarmos esse fato como uma atitude de rejeição ou abandono que abale a nossa autoestima. Claro, machuca, dói, mas tenha em conta :"conheceis a verdade e a verdade vos libertará"
43. Existem motivos variados para que não nos queiram -- a exemplo do que acontece conosco em sentido inverso --, exercendo o livre arbítrio.
44. Pode ser perfeitamente verdadeiro que a recusa do outro seja decorrente de sua imaturidade emocional, de seus problemas e conflitos interiores, de que os projetos de vida são inconciliáveis ou mesmo da percepção de que a relação ficou estagnada e se esgotou.
45. Além do que é óbvio: não é uma decisão simplesmente racional amar ou deixar de amar alguém. Simplesmente acontece!
46. Nesses casos mesmo que a separação venha a doer -- e é quase inevitável que isso aconteça, exceto quando já tenha ocorrido suficiente sofrimento ao longo do processo -- será um convite para aceitarmos a realidade e não nos desesperarmos.
47. No fundo, sabemos que um amor maduro e desprendido deixa o outro em liberdade, emana compreensão e não tem possessividade.
48. "Amar demais", forçando a continuidade da relação quando isso não é desejado pelo outro, é tão insensível e egocêntrico quanto amar de menos e viver no controle.
Não vamos esquecer também que nem todo mundo precisa ter um relacionamento tradicional ou mesmo algum relacionamento amoroso para estar nessa vida, desde que esteja pleno e se sentindo útil em outras dimensões da existência
49. Afinal, amar e ser amado só é sublime e completo se acontece espontaneamente, no fluxo da vida!
50. O amor seria como uma borboleta. Quanto mais corrermos atrás dela, mais ela se afasta. Se ficarmos tranquilos elas podem se aproximar...
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Resumo adaptado do Anexo do livro "Sherlock Holmes agora é psicoterapeuta", de Arnaldo Costa
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