quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O silêncio do macho (*)

Nós homens temos que reconhecer. Estamos silenciosos !

Uns acomodados, observando as mulheres serem também protagonistas e os gays num importante movimento de liberação.

Outros inseguros, se perguntando o que as mulheres esperam deles e receosos de adotarem posições firmes em seus relacionamentos.

Uns curtindo os prazeres da vida e se deliciando com as mulheres “fáceis”  que “ficam” e transam sem compromisso. Pior, esperando que lá na frente da vida uma mulher ideal apareça no meio dessa torre de babel.

Outros vivendo relacionamentos viciados sem amor e mendigando fora de casa lampejos de paixão e sexo. Ou atrás compulsivamente de sucesso profissional vivendo como workaholic.

Uns se achando resolvidos em suas posturas tradicionais masculinas mas sem se aperceberem de suas vidas superficiais e vazias.

Outros --  poucos, mas cujo número cada vez aumenta mais --  trilhando variados caminhos do autoconhecimento para avançar em suas curas psíquicas e se conectar espiritualmente. Querem viver com plenitude e amadurecer, finalmente!

Mas, em sua grande maioria e independentemente da idade, os homens continuam com pouquíssimo acesso às próprias emoções e atuando como num teatro para disfarçar o seu arsenal de medos milenares, alguns percebidos e a maioria escondida no plano inconsciente.

Walter Riso, escritor e psicólogo italiano radicado na Colômbia, registrou o seguinte em seu livro O que toda mulher deve saber sobre os homens : “Embora as fragilidades psicológicas masculinas possam encher vários tomos de uma enciclopédia, aqui só apontarei três medos básicos, geralmente encobertos pelo ego, comuns a quase todas as culturas, altamente daninhos e mortificantes para aqueles homens que ainda insistem em ser duros, intrépidos e ousados. São eles : o medo do fracasso, o medo de estar afetivamente sozinho e o medo de sentir medo.”

Muito já se falou e escreveu a respeito do trato superficial que o homem dá às suas emoções, bem como sobre as suas fragilidades inconscientes. Reconhecer esses medos citados por Walter Riso já é um progresso importante.

O que quero destacar aqui, porém,  é a imperiosa necessidade de os homens fazerem um mergulho interior – seja por um trabalho sistematizado de terapia e autoconhecimento, seja pela meditação ou mesmo pela aprendizagem forçada ao sobreviverem a abismos psicológicos trazidos por traumas de doença ou morte --  para entenderem as suas fragilidades, as transformarem e reforçarem os  atributos masculinos que receberam do Universo, como força,  coragem,  objetividade e segurança, todos princípios ativos.

Claro, sem atitudes machistas nem o inviável – praticamente impossível -- resgate  do passado de dominação sobre as mulheres.

Como novos homens em construção, que acessam de forma saudável mas sem afetação também o seu lado feminino da amorosidade, da intuição e da receptividade.  

Dessa forma,  não ficaremos mais silenciosos como estamos!

Nos posicionaremos com as mulheres fazendo-as ver também os excessos que andam cometendo, assumindo papéis muitas vezes masculinizados, incorporando posturas agressivas e despejando sobre nós homens uma raiva incontida pela milenar submissão a que foram submetidas.

Em algum momento, estaremos aptos a construir com as mulheres relacionamentos equilibrados e verdadeiros. Ou mesmo ficando sós, mas inteiros.

 Em sentido mais amplo, integrando as forças masculinas e femininas, independentemente dos gêneros socialmente assumidos.

As mulheres, por sua vez, precisam também saber o que querem de nós. Essa questão específica, relativa ao que as mulheres procuram nos homens, vou tentar desenvolver num próximo Post, sem a menor pretensão de abarcar esse assunto tão árido (apenas uma opinião de um homem, nascido em “Marte”...).

Abraços

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(*) O silêncio do macho é um título que tomei emprestado de um belo artigo escrito por Eliana Brum, que tem uma coluna semanal na revista Época.

7 comentários:

  1. É Arnaldo,
    acho que, realmente, nós homens estamos nos tornando, cada vez mais, mineiros ...trabalhando em silêncio... o come quieto e, no silêncio da jornada, sendo ignorados em nossa existência diante de tantos movimentos impositivos à luz da mídia, nos contentando com a máxima de Descartes, "Penso, logo existo" ... como se a humanidade nos ouvisse por telepatia. Como se diz no mercado: "A propaganda é a alma do negócio", acho que estamos sumindo em nosso silêncio, enquanto outros estão se assumindo em seus movimentos. Claro, todos têm direito à luz do sol... mas só brilha quem se levanta. Por isso é louvável o seu questionamento. Sucesso meu amigo!
    Grande abraço!

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  2. Cortez, sim, nos homens estamos muito focados nos pensamentos, na racionalidade.
    Temos que transcender !
    E como bem disse a Vanessa, temos que SENTIR !
    Emoções, onde estão ???

    Abraços, e grato pelos comentários !

    Arnaldo

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  3. Parabéns!! Adorei o texto.... E nos mulheres modernas , como bem li, outro dia... Não temos medo de ficarmos sozinhas, temos medo sim, é de ficarmos mal acompanhadas!!.. Beijo grande .... Amei ter um amigo blogueiro...srsrrs

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    1. Nina, querida !

      Muitos de nós homens -- como as mulheres faziam quase sempre no passado -- ainda preferimos ficar mal acompanhados do que sós. Ou levarmos uma vida de "solteiro eterno". O tema do blog é na linha de ajudar os homens a que despertem. Ficarem acompanhados, desde que BEM !
      Grato pelo comentário ! Seja bem-vinda, e divulgue o blog se puder ! Bjs

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  4. Gostei Arnaldo.... acho que não conheço nenhum homem, que goste de se relacionar com mulher (por exemplo) que tenha se decidido por uma "terapia e autoconhecimento", se vc souber de um, me apresenta! rs.

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    1. Tatiana, tem homens assim sim ! Não são muitos, conheço alguns, mas, como você sabe, estão fora do "circuito comercial da conquista"... abraços

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