domingo, 12 de janeiro de 2014

Mulheres traem tanto quanto os homens


Mulheres traem tanto quanto os homens, diz Contardo Caligaris, psicanalista e escritor italiano radicado no Brasil, ao ser entrevistado pelo Canal IG quando do lançamento do seu excelente livro de crônicas (“Todos os reis estão nus”, Ed. Três Estrelas).
E eu acredito. Mas lamento! 
Os relacionamentos estão agora “muito iguais” e, em algumas vezes, sendo nivelados por baixo: muitas mulheres se “masculinizando” em terrenos onde só os homens escorregavam.
A traição feminina era tradicionalmente menos comum do que a masculina, explicada entre outros motivos porque a mulher era mais verdadeira, sentimental, comprometida com a relação e nela buscando amor ou proteção. Situação explicada também pela submissão ou medo ao sexo dito forte.
Mas com a mudança (necessária) no jogo social, em que as mulheres assumiram um papel familiar, profissional e político de maior igualdade com os homens, revertendo uma dominação injusta que durava milhares de anos (talvez até em toda a história da civilização), as mulheres agora se sentem livres e independentes para, em muitos casos, usar e abusar de sua sexualidade e dos seus instintos, da mesma forma que os homens. Nivelando por baixo, como disse. Em tese, é mais fácil deixarmos os instintos seguirem em frente e cedermos  às tentações, quando se trata de traições sexuais (é sabido que as traições sentimentais são mais profundas e causam ainda maiores dores nos parceiros traídos).
Vingança, talvez. Uma desrepressão do grito calado na garganta : “Agora tomem seus cafajestes. Vocês mereceram!”.  Num mundo em crise de valores, de falta de referências e dominado pela mentira e todo tipo de desrespeito (desde num plano macro, com a traição dos políticos ao nosso voto, ao plano pessoal, da traição interna aos nossos ideais), as relações passaram também a ser banalizadas e  se superficializadas, como mais um produto de consumo. 
Nada de Yin e Yang, da dualidade universal, da expressão do feminino e masculino,  não!  Está tudo misturado e confuso. 
Em minha vida já traí e fui traído e colhi os inevitáveis resultados. Hoje acho uma roubada. Não há quem possa dizer o que é certo ou errado em cada situação. Penso que a avaliação moral não cabe quando mensuramos prejuízos emocionais. Não se trata de um mero “dever-cumprir-conveniências-sociais-para-o-bem-da-civilização-e-da-paz-entre-os-homens-e-mulheres”.  Vamos botar os pés no chão, as traições acontecem pelos motivos mais variados e em algumas vezes trazem belas aprendizagens e salvam casamentos.
Se um homem e uma mulher quiserem seguir seus instintos sexuais (e sentimentais) de forma livre acho que existe um caminho largo para isso, desde que naturalmente respeitados certos limites quanto à saúde física e integridade pessoal e de terceiros.  Convenhamos, a sexualidade é algo forte, natural e provida pela Existência. Mas à medida que amadurecemos como seres humanos naturalmente vão ficando limitados os espaços para fingimentos, traições, mentiras ao  parceiro e a si próprio.  

A meu ver, é muito gratificante e um enorme privilégio usufruirmos de uma relação profunda, comprometida e verdadeira, sem mentiras.
Em resumo, trair pode ser excitante e considerado moderno por alguns (especialmente para quem defende a poligamia), mas em algum momento de nossas vidas pode trazer sérios prejuízos emocionais (além de tantos outros de ordem prática). 
Aí teremos que encarar.  
Decidir trair ou não. Mas com responsabilidade e sabendo que tudo na vida tem consequências !
 
(opine, caso concorde ou não ...)

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