terça-feira, 17 de maio de 2016

Cansei de tentar ser príncipe! Vou experimentar ser sapo


"Príncipe: filho de uma família real ou aquele notável em mérito, em talento ou outras qualidades".

"Sapo: animal anfíbio que vive próximo aos rios e lagos e  produz veneno tóxico para espantar predadores". No senso popular,  um cara meio tosco que não se preocupa com os outros e diz o que pensa.

Nas fábulas, o sapo simboliza a transformação, o animal feio que se transforma em príncipe com o beijo da princesa.

Embora eu esteja longe de me considerar um príncipe, muitas de minhas atitudes e escolhas podem parecer nobres e virtuosas. Claro,  esquecido embaixo do tapete um tanto de sombra.

Assim, como eu não fui (ainda) beijado por uma princesa, quero tentar o caminho inverso, experimentando a volta pra lagoa.

Por que? Simples: não é nada fácil tentar seguir padrões de comportamento, quaisquer que sejam. Além de dar um enorme trabalho leva a um resultado inevitável: frustração.

Isso porque muitas vezes a  realidade interna é muito diferente da projetada fora, e exigiria outra ação.   E não há como manter uma performance idealizada, especialmente quando se trata de cumprir elevados requisitos principescos. E mesmo quando dá certo, na essência dá errado!

Mas isso não é tão óbvio?

Sim,  racionalmente falando, mas existe um tal de "inconsciente" com conteúdos traiçoeiros que de forma sutil e engenhosa sabota o meu (o seu, o nosso) dia a dia.

Pra começar, eu vou enfrentar  a ideia louca de querer ser especial.

Eu não sou especial. Ninguém é especial. Somos únicos mas apenas com digitais e identidades próprias. Até quem sabe criativos, originais, porém não especiais.

Bem, já que não sou mesmo especial e o Universo não oferece prêmio (nem castigo) às minhas ações, resvalar um pouco para o malfeito talvez seja proveitoso e até mesmo uma evolução espiritual.

Assim, pra ser sapo eu talvez possa  arrotar e soltar "pum" em público sem sentir vergonha.

Colocar uma foto no Face com minha cara mais azeda e a roupa suja ou por arrumar.

Me permitir dizer bobagens de vez em quando e não posar de cult.

Não querer parecer bonito numa festa grã-fina.

Sair da sala de cinema quando o filme não mostrar a que veio após 15 minutos.

Correr riscos de perder amigos mas não trair a mim mesmo.

Dizer "não" a um convite para uma festa sem graça sem dar desculpa convincente.

Assim,  poderei não ser exatamente "o cara" mas certamente agradarei ao  meu íntimo, autêntico e verdadeiro.

Claro, também terei mais chances de arrumar encrencas.  Mas deverei dormir com a consciência mais tranquila, espero!

Nesse percurso e depois de alguns exageros talvez eu venha a descobrir que uma boa mistura de príncipe e sapo seja o mais adequado.

O equilíbrio está no meio, já dizia o Tao! Uma perna na lagoa e outra no palácio.

Mas acho que essa minha ideia louca de tentar ser sapo não vale pra todo mundo, pois muita gente já  está de  plantão  na lagoa desde que nasceu e anda precisando mesmo é do contrário:  mais modos de príncipe!

Cada um que tome a sua rota de autenticidade e de evolução!

Um comentário:

  1. Muito bem refletido, caro Arnaldo. E ficou uma leitura bastante agradável!

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