quarta-feira, 10 de abril de 2019

"As mulheres estão se empoderando ou ... se empauderando? E os homens?"

É inegável que os tempos atuais são de mudanças profundas no comportamento e na psique dos seres humanos, especialmente das mulheres.

A grande maioria das mulheres foi gradativamente abandonando nas últimas décadas a postura de dependência do masculino, levando a crer que o patriarcado enfim está com os dias contados.

A chegada da pílula anticoncepcional e a (praticamente) igualdade no mercado de trabalho foram alguns dos fatores determinantes desse processo.

Não mais se sustenta o velho modelo de a mulher ser mera coadjuvante nos relacionamentos amorosos, em que no mais das vezes se submetia a abusos e desrespeito de homens machistas e insensíveis, seus provedores.

Assim, surgiu uma nova geração de mulheres independentes, determinadas e conscientes, prontas para escrever um novo e mais equilibrado capítulo das relações sociais e amorosas.

Porém, como toda mudança de comportamento tem excessos, algumas mulheres dessa modernidade tem se distanciado de sua natureza "yin" e incorporando um comportamento essencialmente masculinizado.

De certa forma, repetindo os mesmos padrões machistas que tanto combatiam. Exemplos não faltam:

 . despedidas de solteiras tão apimentadas e sensualizadas que deixam a galera Yang do chopp da esquina escandalizada;

 . comentários com as amigas revelando desdém quando recebem uma mensagem carinhosa de alguém que saiu na véspera pela primeira vez: "... será que esse cara vai ficar pegando no meu pé e achando que eu quero namorar?";

 . na chegada da sexta-feira, o pensamento é apenas um: "vou sair pra botar o terror, tomar todas e transar";

 . trair o parceiro com a maior naturalidade e desfaçatez, como se estivessem se vingando na mesma moeda dos machistas seculares;

 . mostrar-se insensível aos sentimentos de si e dos demais naquilo que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman definiu como "modernidade e amores líquidos".

São as mulheres empauderadas!

Hummmm, será esse o preço da aprendizagem?

E os homens, que perderam o protagonismo, como estão?

Alguns fragilizados, assustados e buscando se adaptar a esse novo momento da humanidade, sem muitas referências.

Outros, em que a ficha das mudanças simplesmente ainda não caiu.

Uma outra parcela de homens reagindo fortemente às relações homoafetivas, não entendendo que elas chegaram para ficar, num merecido espaço de tolerância. 

Outros ainda, cometendo toda série de abusos e violência contra mulheres -- inclusive as estuprando em escala alarmante -- agindo inconscientemente em represália ao empoderamento das mulheres.

Felizmente, um número crescente de homens fazendo o seu dever de casa em sessões de psicoterapia, acessando emoções e assumindo uma postura moderna e igualitária nos seus relacionamentos afetivos.

E vários outros encarando com naturalidade esse empoderamento das mulheres, se comportando com elegância e sensibilidade sem abandonar os atributos ancestrais do masculino focado, forte e objetivo.

Para onde caminharemos no futuro não dá para prever com segurança!

No entanto, a dialética histórica com seus postulados de tese, antítese e síntese, pode nos auxiliar a imaginar um mundo de maior equilíbrio nos relacionamentos, em que o empoderamento tanto da mulher quanto do homem se dê num novo patamar, em que a consciência expandida traga aos seres humanos mais harmonia e cooperação e menos conflitos e competição.

E que o pau seja o pau mesmo!

Será utopia?   

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